A perícia no caso da jovem Tamires Pereira Vargas tem um dado contraditório. "A ausência de escoriações ao redor dos pescoço(área de contato com a pele) e pele embaixo das unhas denota que a vítima não teve ação de impedir o ato de enforcamento".
Manuais e livros dos mais experimentados mestres em Medicina Legal ensinam que a reação de todo suicida é tentar retirar o instrumento que o sufoca. Daí as escoriações em torno do pescoço e a presença da pele embaixo das unhas, indícios de suicídio ausente no caso Tamires.
O resultado da perícia com as ausências das escoriações em torno do pescoço e pele embaixo das unhas deveria fornecer dados para outra linha de investigação, voltada para homicídio por estrangulamento.
Sulcos, lesões na laringe e a profusão da língua além da arcada dentária são aspectos que podem ocorrer tanto no enforcamento, quanto no estrangulamento. Portanto não definem o suicídio.
Sinais como a lesão contusa extensa e oblíqua envolvendo o pescoço não podem ser conclusivas para atribuir ao caso suicídio. Nada foi dito sobre a profundidade das lesões, se as lesões incidiram sobre as artérias ou sobre as veias.
A posição do cadáver não busca só o indicativo da perda da gravidade, mas acima de tudo qual a posição da cabeça sempre voltada na direção contrária ao nó, com o mento voltado para o tórax. Outra omissão é não relacionar rigidez cadavérica e horário provável da morte. No enforcamento sempre é mais lenta.
Existem outros fatores externos e internos à serem considerados no caso. Afora o exame de conjunção carnal de que até agora não se ouviu falar, pesa ainda o tratamento desproporcional ao delito, a conduta, a imperícia no aspecto carcerário, a omissão do Delegado Plantonista com preso custodiado pelo Estado.
Como diria o poeta Jorge Nascimento no seu belíssimo livro "Os Mortos não lêem os epitáfios das manhãs" .
Epitáfios são frases escritas sobre o túmulo.
Para Tamires se possível lapidaria na catacumba: "Acorda ou a corda vai dizer quem te matou".