Joaquim Haickel, o "Mãe Nagiba" se esforça para demonstrar raciocínio político lógico. O que atrapalha é o comportamento pautado em velhos manuais. Haickel pensa a política de forma feudal, consequência da soma do histórico de vida e o meio em que foi criado.
Leon Vygotysky, marxista materialista diz na sua "Teoria da Aprendizagem", que os processos mentais superiores- pensamento, linguagem, comportamento volitivo, atenção consciente, memória voluntária, tem origem nos processos sociais. É por isso que o pensamento de Haickel é medieval.
Haickel nos brinda neste domingo(13) com uma análise do momento político cheia de "Príncipes"(Luís Fernando/Flávio Dino) e de uma "Princesa"(Roseana Sarney) que não aparece, mas está evidente. "Mãe Nagiba" foi buscar inspiração no ultrapassado "Príncipe" de Nicolau Maquiável, hoje peça do "museu político".
Enquanto o mundo esquece John Kenneth Galbraith- aquele que analisou o poder a partir da evolução do mundo feudal para o capitalismo, considerando como fontes a personalidade, a propriedade e a organização, Joaquim Haickel pautas suas análises no Príncipe de Nicolau Maquiavel.
E toma Nicolau para lá, Nicolau para cá, no pensamento medieval de Joaquim Haikcel. "Mãe Nagiba", o único Nicolau que pode ser lembrando neste momento é o Nicolau Dino, irmão de Flávio Dino, que comanda as Relações Institucionais da Procuradoria Geral da República.
A sugestão para Joaquim Haickel e outros que se esforçam para entender as decisões políticas, a partir da interseções- a área comum a todos os envolvidos na vida pública, é a controvertida obra de Habermas : Esferas Públicas e Democracia Deliberativa. É um salto além da Microfísica do Poder de Foucault.
Porque continuar entendendo os fatos políticos por adivinhação, chute, predileção, paixão? A razão é quem nos leva a produzir textos com terminologia clara, escrita objetiva. A leitura destas obras são básicas, traduzir para a realidade maranhense no seu linguajar é gostoso. Daí a música, linguagem universal.
Joaquim Haickel: “Em política, mais sucesso tem quem erra menos”
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Já comentei, em outra oportunidade, sobre a verdade na política e volto a esse assunto agora, adiantando que, se ela pode ser bastante relevante, quando vista de um determinado ponto de observação, por outro, pode ser vista como mero adereço. Explico: no ambiente pragmático da política, a verdade é uma mera questão de tempo ou de angulação do observador. O que é de um jeito hoje, amanhã poderá ser de outra forma. O que se vê de uma certa latitude, não é o que se observa de outra. Ainda assim, as duas coisas, nos dois casos, serão verdades que não se contradizem.
Devo ressaltar que há uma diferença importante entre a prática política e seu pressuposto filosófico. Neste caso, a verdade, além de ter as importantes componentes de espaço e tempo, possui uma indissociável componente ideológica, poderosa o suficiente para mover os espíritos dos homens.
As verdades sobre as quais gostaria de comentar hoje são verdades que em condições normais de temperatura e pressão deveriam ser constantes, independentes de tempo ou espaço. Se não são totalmente ideológicas, ou em sua totalidade, pragmáticas, possuem características comuns a ambas.
Vejamos.
Como deve se comportar um político?
Muito já foi dito a esse respeito, mas pouco foi tão bem dito como o que disse um certo florentino chamado Nicolau.
Tratado pejorativamente pelos incautos e pelos incultos, os ensinamentos de Maquiavel são tidos como abjetos, asquerosos, pútridos, quando são simplesmente humanos, antropológicos, sociológicos e psicológicos.
O tempo e o espaço em que foi concebido “O Príncipe” faz com que, hoje o vejamos com maus olhos.
Se bem observado e interpretado de forma tolerante, esse manual pode contribuir muito para o nosso correto entendimento de fatos bastante atuais.
O que de melhor deve fazer um candidato a príncipe?
Deixar-se ungir por uma poderosa liderança, isolando-se dos demais atores em cena? Ou já ungido, misturar-se aos contracenantes, fazendo com que eles criem consigo laços de companheirismo e amizade capazes de fundir os metais necessários para a confecção das boas armas da batalha?Não deveria ele fazer com que o líder que lhe ungiu dependesse dele mais que ele dependesse de seu ungidor? Manter esse vínculo indispensável, mas buscar vincular-se também a outros companheiros?
Sendo o único opositor capacitado a enfrentar os situacionistas, este outro candidato a príncipe deve agir exatamente igual àqueles a quem tanto critica, ou seja, de forma sectária, excludente, às vezes até messiânica…?
Qual deve ser a postura de um candidato a príncipe em relação aos políticos e ao povo? Deve tratar os primeiros com distância e os segundos como se fossem seus filhos queridos? Ou no caso do outro candidato, como se os políticos fossem meras peças de uma engrenagem capaz de levá-lo a conseguir o seu intento e o povo o combustível capaz de queimar para fazer mover essa máquina, algo que depois de usado evapora?
De quem deve se cercar um candidato a príncipe? De meia dúzia de convivas, pessoas que o isolem dos políticos e do povo? Que dê a ele uma aparente segurança e tranquilidade, mas que não deixe entrar as corretas e indispensáveis percepções do mundo e sair de suas reais necessidades e seus anseios básicos, capazes de fazê-lo chegar aonde deseja?
Ou aquele candidato oponente está certo ao cercar-se por todos, ao aparecer sempre rodeado de gente, como se comungasse com aqueles de todas as coisas, quando na verdade, aquilo que está mais interno em si, não repassa a ninguém?
Tudo isso está dito e esclarecido no manual do Nicolau!
Poderia passar horas relacionando posturas e posicionamentos políticos que estão certos para uns e menos certos para outros, e ainda assim não se chegaria a uma conclusão sobre quais são os certos e verdadeiros e quais os errados e os falsos.
Se o que está contido nos ensinamentos antigos sobre o homem, sobre suas formas de ser e de agir, suas circunstâncias, e sobre as consequências destas não puderem ser adaptados e utilizados nos dias de hoje, de nada valem para nós. Se nós não somos capazes de aprender uma lição que nos é ensinada há milhares de anos ou mesmo uma especifica que nos é doutrinada faz meio milênio, melhor largarmos esse ofício.
Em minha opinião, em termos de política, a diferença entre um indivíduo e o outro é mínima. Ocorre que só é possível se ter essa visão quando colocamos em perspectiva aqueles dois fatores citados no início de nossa conversa de hoje. O tempo e o espaço.
Esse nosso papo de hoje bem que poderia ter sido sobre física, mas como eu sou ruim em ciências exatas, fico mesmo com a política que pouca gente acredita ser ciência, que nada tem de exata e que pode nos dar a dimensão equivocada de sermos seres maiores do que realmente somos.
Semanas atrás, em uma conversa com amigos, disse que havia verdades insofismáveis e que uma delas era que em termos de política, mais sucesso tem quem erra menos, pouco importando se em qualidade seus acertos são relevantes. Em política um acerto é pura casualidade, pois o universo político conspira contra o certo. O erro é comum.
Estamos vivenciando isso. Estamos em um imenso jogo de erros. No final, vencerá quem errar menos!