Clã Sarney lança nova geração na política
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
Atualizado às 14h07.
Com a segunda geração envelhecendo, o clã Sarney aposta em novos nomes para não ver seu legado minguar.
Adriano Sarney, neto do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), vai
disputar a eleição para prefeito de Paço Lumiar, na região metropolitana
de São Luís.
Será a entrada da terceira geração da família na política, 57 anos após a primeira eleição de José Sarney.
Divulgação |
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Adriano, neto do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), vai disputar a eleição para prefeito de cidade no Maranhão | | |
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Adriano, 32, é a maior esperança do clã para manter o controle do
Maranhão. Com 110 mil habitantes e a 23 km do centro da capital, a
cidade é estratégica na "geografia Sarney": é o melhor caminho para a
ilha de Cururupu, onde a família tem casas.
Cinco candidatos com experiência política já desistiram da eleição em
Paço. Adriano ficou conhecido por operar a venda de empréstimo
consignado no Senado, instituição chefiada pelo avô.
O principal cabo eleitoral de Adriano é a atual prefeita, Bia Aroso
(PSD), que responde a 22 processos na Justiça e já foi afastada quatro
vezes, sob acusação de corrupção. "Onde eu estiver, ele vai estar
comigo", disse ela. "Tudo o que tem aqui em Paço tem o dedo da família
Sarney."
Para comprovar domicílio eleitoral na cidade, requisito para a
candidatura, Adriano tem apresentado a conta de luz de um sítio. O
blogueiro Cesar Bello disse à Folha que vai ingressar na Justiça
para questionar o documento emitido pela Cemar, a companhia energética
do Estado governado por Roseana Sarney.
Outras apostas da família são Filuca Mendes (PMDB), afilhado de batismo
de Sarney, candidato em Pinheiro. E Souza Neto, casado com uma sobrinha
da governadora Roseana, que irá disputar como vice em Santa Inês.
Filuca já conseguiu uma pequena proeza. O PT decidiu apoiá-lo ignorando
resolução que impede novas alianças com o DEM, também na chapa de
Filuca. Petistas contrários prometem recorrer ao Diretório Nacional.
OUTRO LADO
O senador José Sarney informou por meio da assessoria que é contra os
planos do neto porque "a política é cruel, lida com a injustiça e a
ingratidão".
O pai, o deputado Sarney Filho (PV-MA), também se diz contrariado. "Não
sou a favor de que filho meu entre na política, mas não posso impedir",
disse. "A atividade política está muito mal avaliada", justificou.
O deputado destinou parte de suas emendas para obras em Paço Lumiar, mas
nega que tenha ouvido o filho sobre isso. "Nunca, nada, imagina".
Adriano Sarney, em entrevista gravada a uma rádio do município, contou a
história de outra forma: "Meu pai até falou comigo: 'Olha, dá uma
olhada lá para ver quais as ruas estão mais deficientes'".
Procurado pela Folha durante dois dias, Adriano Sarney não
retornou recados. "Ele não está atendendo porque talvez não deseje falar
com você", explicou o pai.