O PODER DAS CRIANÇAS E AS CRIANÇAS DO PODER

As homenagens a Nossa Senhora Aparecida juntam-se as prestadas as crianças. Sou devoto da minha mãe e faço tudo para o que resta da vida prolongue-se para meus filhos. Augusto com apenas dois anos é minha esperança desde o nome do local em que mora. A Vila Esperança é atualmente o meu laboratório existencial.

Cresci na Vila Bessa e isso influenciou inicialmente no meu modo de viver. Lev Vygostky advogado e pedagogo russo equacionava o comportamento, somando o meio à história de vida. "O saber que não vem da experiência não é realmente saber". Em psicologia tudo é provável, mas nada é definitivo.

O certo é que  meu pai não se duplicou pela minha existência. Desembargador, austero, metódico vivia de forma tão simples o cotidiano, que lavava e aspirava seu próprio carro. Radioamador por diletantismo detestava atender telefone. Quem o fazia dizia ser "da residência do desembargador Luís Bello". Quando eu atendia falava sem cerimônia  e com desejo " é da casa do desembargador Cesar Bello".

Havia naquela época uma contradição ao vê-lo dedicado ao automóvel e cultuado pela autoridade. Certa vez o pai do Desembargador José Joaquim Figueredo dos Anjos o procurou com seu indefectível terno preto. Trazia os processos e o protocolo de recebimento. Assumi as funções do meu pai promovendo um eterno sorriso dos falecidos.  

O desembargador José Joaquim Figueredo dos Anjos quebrou o sistema de casta do judiciário do Maranhão. Da Vila Bessa para a Rua do Sol muitas coisas e desejos mudaram na minha vida. A história e o meio influenciaram-me  não no sentido da repetição, mas da superação de tudo o que eu já li, vi ou ouvi.

Tornar  "hereditária" a existência pode prejudicar o coletivo. Mas tudo em psicologia é probabilístico. Veja-se os exemplos no Maranhão onde filhos(as) repetem aos pais. Como seria bom se escolhessem outros caminhos em que suas aptidões vicejassem  realmente.