1 de novembro de 2010

A VOZ DO CEMITÉRIO.

Estive como de costume no cemitério do Gavião, na véspera do Dia dos Finados, me antecipando naquilo que posso na ausência da morte. A limpeza das catacumbas, sempre me remete aquilo que James Joyce chamou de epifania, que se traduz no momento mágico que se eterniza. A metáfora do relógio me transporta a Praça Pedro II, no repicar dos sinos e o vôo da andorinhas, em construção ainda indefinida.

A música de Belchior falando do tempo, se mistura as fotos dos túmulos imponentes de Luís Domingues, Benedito Leite e outros desconhecidos. Só o Gavião para possibilitar esse grau de estezia. Nos outros cemitérios os jazigos ficam submersos, propondo o fim dos escritos em homenagem aos mortos.

O poeta Jorge do Nascimento tem um livro intitulado, "Os Mortos Não Lêem os Epitáfios Das Manhãs", que no dia do seu lançamento em companhia do seu irmão José Maria e de Nauro Machado, me era incompreensível.

Todo esse burburinho mental é acompanhado das vozes no cemitério,posto que meu pensamento não se separa das palavras. Ali a maioria clama por Segurança, e comenta o roubo que foi vítima uma senhora septuagenária, resultando na fratura de um braço e escoriações no rosto, em pleno Colégio Santa Teresa, local em que vota a Governadora Roseana.

Ninguém consegue compreender o descaso do Governo, a ponto de nomear um guarda costas como Secretário de Segurança. Sem visão nem conhecimento do que se lhe impõe o artigo 12 da Constituição Estadual,o agente Aluísio Mendes serve apenas de escuta e precaução, a uma possível investida de outras forças. Esse é seu ofício, essa é sua principal função.

Enquanto isso o número de roubos, furtos, assaltos, homicídios aumenta dia à dia. O único investimento é calar a mídia afeita ao soldo, que maquia os dados e esconde a realidade.

Tivesse a pretensão de fazer o "melhor governo da sua vida", Roseana não deixaria esse despreparado, um dia sequer a frente de tão importante pasta. Quantos e quantas precisarão serem furtados, assaltados, estupradas, mortos para que a Governadora compreenda, que a Segurança é Pública e não deve estar a serviço apenas do seu irmão.

Se ela ainda esperar dezembro chegar, não será Papai Noel que durante os próximos sessenta dias visitará lares e comunidades, mas facínoras e sicários tão insensíveis quanto ela, furtando, roubando, assaltando e matando, enchendo os cemitérios de mortos prematuros.

A minha homenagem aos mortos que não lêem os epitáfios nas lápides.

2 comentários:

  1. Carlos11:51

    DE MORTIUS NIL NISI BENE: "Dos mortos, apenas bem", isto é, não se deve falar mal dos mortos.

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  2. Anônimo12:38

    Carlos, dos mortos porque tem uns vivos gerando a morte. A morte é tão certa que acerta os erros, quando não fazem que que os esqueçamos ou fingimos que é assim. Um abraço e participe, não esqueça nossa Legião que luta pela verdade.

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