“Só há acordo – na política e na vida – quando legitimamente todas as partes envolvidas têm interesses e projetos contemplados. E isso não se alcança sem diálogo franco e desprovido de atitudes hegemonistas. Ao diálogo sempre e rigorosamente sintonizado com nosso povo”(Márcio Jerry).
Eu jamais imaginei que viveria para ouvir/ ler Márcio Jerry de forma escancarada assumir o "dando que se recbe" e ainda chamar o povo para ser avalista do seu fisiologismo. A temporada no poder estragou o pensamento de Jerry/ que ainda fala em "diálogo franco e desprovido de atitudes hegemonistas".
Para tentar compreender essa mudança/ "desejos ingovernáveis"/ "legitimidade de interesses comtemplados" dos quais fala Márcio Jerry li/ reli "reunificadas" vezes os versos "Uma estação no Inferno" de Arthur Rimbaud. Jerry na sua temporada de mais de 10 anos no poder mudou muito/ demais da conta.
"Tudo fiz para que se desvanecesse em meu espírito a esperança humana.
Como um animal feroz, investi cegamente contra a alegria para estrangulá-la
Conjurei os verdugos para morder, na minha agonia, a culatra de seus fuzis.
Conjurei as pragas, para afogar-me na areia, no sangue. Fiz da desgraça a minha divindade.
Refocilei na lama. Enxuguei-me ao ar do crime. E preguei boas peças à loucura.
E a primavera trouxe-me o horrível gargalhar do idiota.
Ora, por último, chegando a ponto de quase fazer o trejeito final, sonhei encontrar a chave do festim antigo, no qual talvez recobraria o apetite.
A caridade é essa chave. - Esta inspiração prova que tenho sonhado!
"Sempre serás hiena, etc..." exclama o demônio que me coroou de tão amáveis papoulas.
"Vence a morte com todos os teus apetites, com todo o teu egoísmo e todos os pecados capitais".
Ah! estou farto de tudo isso: para vós outros que admirais no escritor a ausência das faculdades descritivas ou pedagógicas, para vós arranco algumas hediondas páginas do meu caderno de condenado".
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