Sou apaixonado pela poesia de Nauro Machado que reflete a existência humana/ "inumana" focada nas "quadro paredes das almas" de São Luís/ ainda que seu conteúdo consiga como os grandes poetas atingir o sentido Universal.
Foram doze horas de espera em frente/ do lado de fora para liberar o cliente a quem dediquei dias do nobre ofício da advocacia. Neste longo espaço do dia/ noite relembrei Nauro/ dos seus versos que batem como Machado nos ofícios :
"Ocupo um espaço que não é meu/ mas do universo.
Espaço do tamanho do meu corpo aqui/ enchendo inúteis quilos de um metro setenta e dois centímetros/ o humano de quebra.
Vozes me dizem: eh é tu aí! E me mandam bater serviços de excrementos em papéis caídos numa máquina Remington/ ou outra qualquer.
E me mandam para o inferno/ se houvesse pior do que esse inumano existir burocrático".
Pandemia/ advocacia foram prejudicados como outras funções. Ocorre que no ramo da advocacia criminal o contato verbal/ o entendimento/ a defesa não se faz de forma meramente virtual. Aprendi que o corpo fala/ se expressa em saberes/gestos.
Como convencer juiz/ promotor da inocência sem o "olhar panóptico" - geral. Por vezes ficamos no escuro/ sem informações/ sem os "papéis" de que nos fala Nauro nos seus versos. No caso são utéis para o difícil exercício do ofício da advocacia.
O lenitivo é de novo a internet esse bem para humanidade/ remédio para todos os males. Tudo é no malote digital. Informações/ assinaturas são eletrônicas. Tudo limpo/ sem os "excrementos" citados pelo poeta Machado em "Ofício".
"Tudo é uma é uma questão de troca: noves fora/ restam nove/ até que outro alguém nos prove que Deus é um dente sem broca/ que Deus é um maxilar independente do alvéolo/ tão independente como o ser do seu próprio estar". "Nauro batendo como Machado".
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