23 de novembro de 2024

DIA D DO MOBILIZA SLS MARCA DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA NO CENTRO HISTÓRICO DA CAPIAL MARANHENSE

Programação incluiu feiras, degustações da culinária típica e outras atividades na região do Largo do Carmo e da Praça João Lisboa

 O Centro Histórico de São Luís exalou ainda mais cultura e criatividade no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro. A 4ª edição do Mobiliza SLZ, movimento que fortalece negócios da economia criativa na capital maranhense até o próximo domingo (24), promoveu o "Dia D", ação que levou à região do Largo do Carmo e da Praça João Lisboa feiras criativas, oficinas, apresentações artísticas, passeios afroturísticos e ações gastronômicas exaltando as raízes afro-indígenas da culinária maranhense .



 Apresentação do Boi de Santa Fé foi uma das atividades no Centro a reforçarem o valor da herança cultural negra (Foto: Pink Ph/Comunidade Mota)


O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, Celso Gonçalo, ressaltou a importância do evento como um espaço de integração entre parceiros e empreendedores. “Esse é o quarto Mobiliza que realizamos aqui em São Luís, uma grande oportunidade de mobilizar pequenos empreendedores em diversos segmentos. Estamos aqui com o SESI, Senai e Fiema, parceiros que fortalecem essa união do Sistema S, promovendo uma parceria constante e frutífera", sublinha.


 Diretoria do Sebrae Maranhão prestigiou a agenda do "Dia D" do Mobiliza SLZ (Foto: Divulgação/Sebrae Maranhão)


Já o diretor técnico do Sebrae no Maranhão, Mauro Borralho, pontuou que a proposta do "Dia D" é fazer um tributo à tradição cultural herdada dos negros e dinamizar esse território, por meio da oferta de atividades que agreguem conhecimento e valorizem a cultura negra. "Tivemos temáticas voltadas à inovação, à inclusão, à diversidade, ao afroempreendedorismo, empreendedorismo feminino, apresentações culturais e negócios sendo gerados", destaca o idealizador do Mobiliza SLZ.

Pela manhã, o casarão da Agência Marandu, no Largo do Carmo, recebeu a iniciativa "Raízes fortes, asas abertas: empreendendo com identidade", que contou com palestra inspiracional abordando desafios superados por empreendedor negro e com roda de conversa na qual empreendedoras negras compartilharam conhecimento e experiências. No Restaurante Quintas da Lisboa, na Praça João Lisboa, o "Degusta Maranhão" mesclou contação de histórias e uma deliciosa degustação de pratos típicos regionais, retratando as origens da culinária maranhense.

Durante a tarde e a noite, ficaram concentradas a maior parte das agendas alusivas à data. O "Caminho Ancestral" e a "Experiência 'Caminhos da Encantaria" consistiram em passeios guiados que celebraram manifestações culturais e a história de resistência dos antepassados negros, que marcaram a cidade. Houve ainda apresentação de bumba meu boi, manifestação popular com influência da cultura negra, e feiras criativas organizadas principalmente por pessoas autodeclaradas pretas ou pardas.

Visando fazer uma grande ocupação criativa no Centro Histórico, a agenda do "Dia D" também contou com oficinas de bordado à mão, de customização de ecobag e de reggae; workshop que explorou o potencial da fotografia feita com o celular; apresentação de novo prato no cardápio maranhense do Restaurante Quintas da Lisboa; e degustação de comidas típicas locais realizada pelo SESI.

Empreendedorismo negro

Ao lado da "Feirinha dos Artistas", a "Feira MA Preta" promoveu o afroempreendedorismo por meio de exposições e oferta de serviços na Praça João Lisboa. A maranhense Elvira Lourdes Ferreira, de 65 anos, aproveitou o feriado para prestigiar a apresentação do Boi de Santa Fé no local e conheceu as feiras montadas na praça. Ela aprovou as ações do "Dia D" e considerou importante a iniciativa da feira de empreendedorismo negro. "Não tem que discriminar, tem que estar todo mundo unido", diz a visitante.

 A maranhense Elvira Ferreira conheceu e aprovou as atrações do Mobiliza no Centro Histórico (Foto: Divulgação/Mobiliza SLZ)


De acordo com a empreendedora Ana Rosa Silva, responsável pela "Feira MA Preta", a parceria entre o Mobiliza e a feira, que compõe a programação do movimento desde 2022, tem sido produtiva. "É um evento que está mobilizando a cidade de São Luís inteira, a Grande Ilha, mostrando não somente a comercialização de produtos de mulheres pretas, mas também a cultura preta", avalia.


 No Mobiliza desde 2022, a "Feira MA Preta" é liderada pela empreendedora Ana Rosa Silva (Foto: Divulgação/Mobiliza SLZ)


É a primeira vez que a artesã Silmara Nogueira, de 31 anos, expõe seus produtos na "Feira MA Preta". Ela, que trabalha com artigos religiosos e acessórios com miçangas há quase dez anos, já participou de outras feiras criativas, mas garante que a experiência valeu a pena. "A grande oportunidade que nós temos da junção do Mobiliza junto com a 'Feira MA Preta', porque alcança várias pessoas, e, justamente nesses dias, conseguimos ir para vários lugares divulgando não somente nosso trabalho, mas também apoiando todo esse comércio entre nós", afirma.


 A artesã Silmara Nogueira participou da "Feira MA Preta", no Mobiliza, pela primeira vez (Foto: Divulgação/Mobiliza SLZ)






Dados

De acordo com um estudo do Sebrae, produzido em setembro deste ano, o Maranhão é um dos estados com maior proporção de empreendedores negros no Brasil, com 80% dos empreendedores se autodeclarando negros, o que corresponde a 732.747,94 donos de negócio. Percentualmente, o estado ocupa o terceiro lugar no ranking, atrás apenas do Amapá e Acre. 

No Brasil, os donos de negócio somaram quase 30 milhões no último trimestre de 2023. Os negros representam 52,4% desse total, o que equivale a aproximadamente 15,6 milhões de pessoas. Os brancos vêm em seguida, com 46,3% do total, em torno de 13,8 milhões de pessoas. Outras etnias, incluindo amarelos e indígenas, representam 1,3% dos empreendedores, ou cerca de 389 mil pessoas.

O número de empreendedores negros cresceu 28% no país entre o fim de 2012 e o final de 2023, enquanto os brancos registraram um aumento de 20% no mesmo período. A pesquisa classifica como negros pessoas pretas ou pardas, e considera como donos de negócios os responsáveis por empreendimentos formalizados  ou não.

 

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