Caso Tamires: Comissão de Direitos Humanos pedirá novos laudos
Nesta quinta-feira, dia 24, os deputados integrantes da Comissão de Direitos Humanos da AL realizaram reuniões nas cidades de Campestre do Maranhão e Porto Franco, na região sul do estado, com o objetivo de acompanhar as investigações sobre o caso envolvendo a jovem Tamires Pereira Vargas, de 19 anos, encontrada morta em uma cela da delegacia de Porto Franco.
Segundo Eliziane Gama, durante a visita aos municípios de Campestre e Porto Franco houve algumas contradições no que foi relatado pela polícia e o carcereiro, por causa disto será pedida nova perícia. Outro motivo para um novo laudo seria os policiais investigados serem da polícia na localidade em que a perícia foi feita. "Precisamos fazer um comparativo, principalmente se tratando de uma polícia local", disse.
A deputada comentou ainda que em Campestre os parlamentares ouviram o depoimento de uma senhora de 70 anos que todos os anos faz uma mobilização no Dia Internacional da Mulher no município, e este ano a manifestação foi realizada na sexta-feira seguinte, em virtude do dia ter sido comemorado na Terça-Feira de Carnaval. "A manifestação era pacífica, todos os anos fazemos. Na hora o povo começou a gritar 'Tamires' e quando vimos havia uma multidão", disse Dona Ivone.
Eliziane Gama lamentou os atos de violência da polícia e ressaltou a importância do trabalho de Dona Ivone na defesa dos direitos das mulheres."Fico feliz que em uma cidade pequeno tenha uma mulher tão aguerrida e militante como Dona Ivone, que luta pelos direitos da mulher", frisou.
De acordo com os relatos da população, 12 pessoas foram presas durante a manifestação, casas foram invadidas por policiais, inclusive a residência do presidente da Câmara Municipal, além de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, e balas de borrachas para acabar com o tumulto. A Comissão de Direitos Humanos tem as fotos de pessoas que foram agredidas durante a confusão.
VISITA
Além da presidente da comissão, deputada Eliziane Gama (PPS), a comitiva foi formada pelos deputados Antônio Pereira (DEM), Valéria Macedo (PDT), Gardênia Castelo (PSDB), Carlinhos Amorim (PDT), Léo Cunha (PSC), Edson Araújo (PSL) e Dr. Pádua (PP). Os parlamentares ouviram policiais civis e militares que estavam de plantão no momento da morte da jovem. Também prestaram esclarecimentos os dois delegados que estão à frente das investigações. Durante a manhã, os deputados também fizeram uma visita à Delegacia Regional de Porto Franco.
Ainda nesta quinta-feira (24), a comitiva realizou audiência pública em Campestre do Maranhão, quando os parlamentares ouviram amigos, familiares e testemunhas que presenciaram a prisão de Tamires.
CASO TAMIRES
Tamires Pereira Vargas foi encontrada enforcada dentro de uma das celas da delegacia da cidade de Porto Franco. Segundo o relato dos policiais, ela foi presa no dia 8, Dia Internacional da Mulher, durante uma briga em uma festa de carnaval na cidade de Campestre. Ao ser levada para a delegacia do município vizinho, ela foi colocada no corredor da unidade. Um preso que cumpre regime semiaberto foi obrigado a se retirar do local. Ao levar consigo a rede, ele deixou as cordas, onde possivelmente Tamires se enforcou.
A versão da polícia é contestada por amigos e familiares da jovem. Durante audiências realizadas pela Comissão em São Luis, vereadores, prefeito de Campestre e a mãe de Tamires mostraram fotos que mostram vários hematomas no corpo da adolescente.
NOVAS DENÚNCIAS
Durante a manhã desta quinta-feira, amigos e familiares de Keyth Bezerra se reuniram em frente à Câmara de Vereadores de Porto Franco para pedir apoio à Comissão de Deputados.
A jovem de 20 anos foi degolada no dia 26 de fevereiro após romper um relacionamento com um ex-namorado. Segundo o pai de Keyht, Adriano Barros Lima foi preso logo após a morte.
A expectativa da família é de que os deputados ajudem a esclarecer alguns pontos da investigação.
BLOG DO CESAR BELLO NO CASO TAMIRES: PERÍCIA É CONTRADITÓRIA
março 26, 2011
BLOG DO CESAR BELLO
Comentários
A perícia no caso da jovem Tamires Pereira Vargas tem um dado
contraditório. "A ausência de escoriações ao redor dos pescoço(área de
contato com a pele) e pele embaixo das unhas denota que a vítima não
teve ação de impedir o ato de enforcamento".
Manuais e livros dos mais
experimentados mestres em Medicina Legal ensinam que a reação de todo
suicida é tentar retirar o instrumento que o sufoca. Daí as escoriações
em torno do pescoço e a presença da pele embaixo das unhas, indícios de
suicídio ausente no caso Tamires.
O resultado da perícia com as
ausências das escoriações em torno do pescoço e pele embaixo das unhas
deveria fornecer dados para outra linha de investigação, voltada para
homicídio por estrangulamento.
Sulcos, lesões na laringe e a
profusão da língua além da arcada dentária são aspectos que podem
ocorrer tanto no enforcamento, quanto no estrangulamento. Portanto não
definem o suicídio.
Sinais como a lesão contusão extensa e oblíqua envolvendo o pescoço não podem ser conclusivas para
atribuir ao caso suicídio. Nada foi dito sobre a profundidade das
lesões, se as lesões incidiram sobre as artérias ou sobre as veias.
A posição do cadáver não busca
só o indicativo da perda da gravidade, mas acima de tudo qual a posição
da cabeça sempre voltada na direção contrária ao nó, com o mento voltado
para o tórax. Outra omissão é não relacionar rigidez cadavérica e
horário provável da morte. No enforcamento sempre é mais lenta.
Existem outros fatores externos e
internos à serem considerados no caso. Afora o exame de conjunção
carnal de que até agora não se ouviu falar, pesa ainda o tratamento
desproporcional ao delito, a conduta, a imperícia no aspecto
carcerário, a omissão do Delegado Plantonista com preso custodiado pelo
Estado.
Como diria o poeta Jorge Nascimento no seu belíssimo livro "Os Mortos não leem os epitáfios das manhãs" .
Epitáfios são frases escritas sobre o túmulo.
Para Tamires se possível lapidaria na catacumba: "Acorda ou a corda vai dizer quem te matou".
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