Mais que isso maranhense mais que isso sanluisense mais que isso ferreirense newtoniense alzirense meu corpo nascido numa porta-e-janela da Rua dos Prazeres ao lado de uma padaria sob o signo de Virgo sob as balas do 24º BC na revolução de 30 e que desde então segue pulsando como um relógio num tic tac que não se ouve (senão quando se cola o ouvido à altura do meu coração) tic tac tic tac enquanto vou entre automóveis e ônibus entre vitrinas de roupas nas livrarias nos bares tic tac tic tac pulsando há 86 anos esse coração oculto pulsando no meio da noite, da neve, da chuva debaixo da capa, do paletó, da camisa debaixo da pele, da carne, combatente clandestino aliado da classe operária meu coração de menino(Fim do poema sujo) O poema era sujo por quê rimava azul com cu/ comparava gengiva a bocetinha? O poema era sujo ao comparar bosta de porco com boca do corpo/ tal qual oráculo? Mas o que importa o palavrão a esta hora do amanhecer em São Luís do Maranhão ? Já vejo noite para amanhecer/ amanhecer que vai ser dia/ do dia para quanto ser. O nome ? "Como era o nome dela? Não era helena nem vera Nem teresa nem maria perdeu-se na confusão de tanta noite tanto dia". "Sem ele não há José Ribamar Ferreira/ não há Ferreira Gullar". |
5 de dezembro de 2016
"SEM ELE NÃO HÁ JOSÉ RIBAMAR FERREIRA/ NÃO HÁ FERREIRA GULLAR"
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