A renúncia está quase sempre vinculada a ascensão ao poder. Foucault ensina que poder : "é uma relação, que não está situada em um lugar privilegiado ou exclusivo. Ele está sempre presente e se exerce com como uma multiplicidade de relações de forças".
As dificuldades na renúncia/sucessão são exemplos desta relação de forças. De um lado o Poder Executivo com uma rede de dispositivos/mecanismos do qual "nada ou ninguém escapa". Do outro o Poder Legislativo com eficientes "pontos móveis/ transitórios".
Roseana Sarney exercita o poder como máquina político-administrativa, que deve ser azeitada nos próximos 29 dias. Arnaldo Melo esgrima na microesfera, com os periféricos/moleculares que ainda não foram absorvidos nesta relação de poder entre os poderes.
O jogo exige dos observadores o entendimento de que poder "é algo que se exerce/funciona". Mas nesta disputa não tem quem tenha poder total. Portanto, a tendência é a distensão com a volta da hierarquia das renúncias. Quem primeiro deve renunciar? Roseana ou Arnaldo?
A única experiência neste nível de tensão, na recente história política maranhense tem 32 anos. Albérico de França Ferreira, tio de José Sarney renunciou a Presidência do Legislativo, para garantia da eleição ao Senado do então governador João Castelo.
Por enquanto Arnaldo Melo diz que "não abre". Roseana Sarney sinaliza "que fica". A situação é muito parecida ao ocorrido em 1982. Com o passar dos dias será possível ver o "suor frio", descendo pela face dos contendores. Quem desistirá primeiro? A Sarney ou Melo?